
Sou uma entusiasta da tecnologia. Não era mas tornei-me quando uma professora me lançou o desafio de fazer um trabalho sobre a 4ª Revolução Industrial. Sim, faz parte da vida, sim, está em todo o lado. Daí até a estudar na academia vai um passo gigante. A nova tecnologia é todo um mundo novo, um fantástico mundo novo que já começou há algum tempo.
Bem… comecemos pelo início.
Lembram-se do ano de 2007? Eu também. Foi o ano em que entrei na TVI mas não é por isso que pode ter sido um ano importante nas vossas vidas, estou certa!
2007 foi o ano em que Steve Jobs apresentou o iPhone ao Mundo (falámos disso há pouco tempo por ocasião do lançamento do iPhone X). Pronto, podíamos ficar já por aqui, não era? Mas não, há muito mais. Em 2007 surgiu a Hadcoop, uma empresa que resultou da fusão de um conjunto de empresas americanas que reformularam todo o sentido das máquinas, a capacidade de armazenamento, mas também o pensamento e o trabalho e que desenvolveram o que hoje conhecemos por ‘big data’. As plataformas sucederam-se e o armazenamento em ‘cloud’ parece que sempre existiu.
No final de 2006, 26 de Setembro, para ser mais exacta, uma rede social que funcionava apenas num colégio, entre colegas, ficou à disposição do mundo. Era o Facebook, hoje já ultrapassa os mil milhões de utilizadores em todo o Mundo. E mesmo mesmo ali no final do ano a Google comprou o Youtube, que em poucos meses chegou também à plataforma Android.
Nesse mesmo ano, surge o Twitter e o Change.org, uma das redes mais utilizadas para recrutamento de pessoas. A Amazon lançou o Kindle, que nos deu acesso massificado aos e-books. Também por essa altura, num apartamento de São Francisco foi concebido o Airbnb.
Sabem o que é o algoritmo, que complica a vida a tanta gente, nas mais diferentes áreas da sociedade? Pois… adivinhem… também foi nesse ano que a Palanit Technologies, líder no desenvolvimento do big data chegou ao nível de criação do tal algoritmo que “podia ligar coisas que não faziam sentido antes”, nas palavras do co-fundador Alexander Karp.
Depois, os computadores: a IBM começou a construir o Watson, o primeiro pc cognitivo e a Intel criou os microships. De resto, apareceram as luzes LED, mais uma revolução.
Aposto que nesta altura estão de boca aberta a pensar “pois foi!”, aconteceu-me o mesmo. 2007 foi mesmo amazing!!! Mais importante do que pensar nisso é pensar na extraordinária evolução que aconteceu em 10 anos e, claro, para onde vamos.
É aqui que quero chegar.
Os modelos de negócio estão a mudar. Não deixa de haver economia, há é de forma diferente: em vez de ligar para o hotel, reserva na internet; encomenda qualquer produto on-line e horas depois está na sua casa; estabelece ligação por skype para o outro lado do mundo, sem precisar de fazer uma viagem.
O Fórum Económico Mundial (FEM) prevê que 5 milhões de empregos desapareçam no Mundo, nos próximos 20 anos: 52% de mulheres e 48% dos homens. Nos Estados Unidos a percentagem de pessoas substituídas pelas máquinas pode chegar a 47%.
Thomas L. Friedman, jornalista do New York Times é uma das pessoas que mais tem procurado perceber esta tendência, considera que esta questão da tecnologia pode interferir, de uma só vez, com os nossos postos de trabalho, a política, a geopolítica, a ética e a sociedade.
A comunidade científica também já dedica muito tempo ao assunto. Keohane (2009) considerou que este boom nas tecnologias de informação era um dos aspectos mais importantes na evolução da economia e política mundiais. Porque as pessoas mais influentes comunicam com todos e comunicam entre si, de forma imediata, directa, para todo o mundo, num curto espaço de tempo. Mas a verdade é que projectar o futuro é uma tarefa nem sempre fácil e, às vezes, até muito ingrata. Em 1943, o CEO da IBM, Thomas Watson disse que “o mercado mundial daria para 5 computadores”. Imaginem…
O FEM aponta 3 razões que permitem marcar a diferença entre a Terceira e a Quarta Revoluções: a velocidade, o alcance e o impacto nos sistemas. “A velocidade dos avanços atuais não tem precedentes na história e está interferindo quase todas as indústrias de todos os países”, diz o Fórum (a edição número 46 do WEF aconteceu numa altura em que o mundo procurava também – e ainda assim se mantém- respostas à ameaça terrorista, tinham acontecido há pouco tempo os atentados de Paris em Novembro de 2015 e poucos meses depois também iriam desencadear-se os ataques em Bruxelas em Março de 2016). No boletim “Briefing” de Setembro de 2015 já o Parlamento Europeu chamava a atenção para este fenómeno.
Mais do que nunca, as pessoas fazem diferença: são as pessoas que investigam, que pensam, que lideram. Pensem lá em todas as coisas do nosso dia-a-dia que já são automáticas, já não precisam da nossa presença, que já não implicam o nosso tempo?
As máquinas até podem executar mas não têm knowhow… ainda. Mas… sobre os robôts falamos para a próxima.
Por agora, percam-se na memória e recordem 2007, em toda a plenitude.
Referências:
- Friedman, Thomas L. (2016), Thank you for Being Late, Na optimistic’s guide to thriving in the age of accelerations, Allen Lane.
- Keohane, Roberto O. (2009), The old IPE and the new, Princeton University USA.
Outras referências:
http://www.bbc.com/portuguese/geral-37658309
www.weforum.org