- Ao terceiro dia, consegui ver alguma coisa da Web Summit. Devo confessar que os robots me cativam muito, a Inteligência Artificial é qualquer coisa palpitante!!! A possibilidade de assumirem trabalhos que nós dispensamos fazer, que nos tiram tempo, que nos ocupam… deixa-me em pulgas!! Mas, como tudo, é preciso medida: o fogo serve, ao mesmo tempo, para cozinhar e para incendiar uma casa. A Humanidade tem curiosidade, quer desenvolver mas pode, facilmente, perder o controlo. O Secretário Geral das Nações Unidas alertou para isso, ontem, muitas outras vozes já o fizeram, também.
- Confesso que fiquei desiludida, este ano. Talvez por não ser novidade, talvez por toda a ansiedade… fiquei desiludida. É verdade que a Sophia já conseguiu identificar expressões faciais do seu interlocutor, é verdade que disse que tinha pernas (mas não as trouxe…), é verdade que trouxe o irmão mas… as dificuldades técnicas desiludiram-me. Não há mistérios: são máquinas, estão programadas, o algoritmo não falha. Mas… falhou. E quando uma Altice Arena cheia esperava mais qualquer coisa… eles ficaram em silêncio. Desculpem mas esperava mais. Esperava mesmo.
- Estou curiosa para perceber como a Web Summit se vai reinventar, ao longo de 10 anos.
Aquilo que não me desiludiu foi a presença de Tony Blair, ex-primeiro britânico. Falou-se de muita coisa mas basicamente de pessoas, de confiança. De União.
De Trump, que é imprevisível, o que é preocupante. Das eleições intercalares americanas, que já relevam alguma mudança. Do sentimento do povo amaricano, que sente que ainda não ‘o odeia’ o suficiente. (Nesta altura acabo de ver Trump a tratar mal vários jornalistas, numa conferência, e só me apetece dar estalos em quem o elegeu… sem comentários, apenas muita vergonha alheia)
De economia: não é surpresa para ninguém a ascensão da China, o cavalgante caminho que tem trilhado e o lugar de supremacia que já assumiu, também. E que essa tendência só se combate… com união. Com a força dos países que têm muitas coisas em comum. Seja europeus ou intercontinentais. Mas que sejam unidos.
E do Brexit… o grande erro da Europa. Blair arrancou muitos aplausos, ao longo de toda a intervenção. Dúvida, como todos, que Theresa May consiga um acordo a tempo da saída do Reino Unido.da União Europeia, a 29 de Março de 2019. Sem acordo mínimo, que seja, vai correr tudo muito mal. Blair defende outro referendo, garante que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para o provocar e considera que isso não é nenhum sinal de amadorismo do Reino Unido. Pelo contrário, por que aquilo que se sabe, que já se conhece, o projecto do futuro que se avizinha… é mau demais. Não há alternativa assim-assim. E que isso deve também servir de exemplo, para as outras democracias ocidentais.
Não podia estar mais de acordo. Não é mudar de ideias, é crescer. Democracia é isso, crescer, evoluir. Um sistema ‘do povo, feito pelo povo, para o povo’. E o povo também se engana. Normalmente, com tempo de duração relativo mas desta vez… correu mesmo mal.
Que o povo perceba, que se faça ‘jurisprudência’ de outras decisões e que não se repita. Por que errar é normal, persistir no erro é que não.