Ir para Fez começa por ser uma aventura que se inicia… às 5 horas da manhã. Deja vu. De Saïdia são 5 horas de caminho para cada lado, o limite de velocidade é 100 quilómetros/hora e ninguém ultrapassa.
Fez é uma das cidades imperiais do norte de África. Ou seja, é uma das cidades que já foi capital das antigas dinastias deste reino.
Fez é uma cidade i-na-cre-di-tá-vel! É um verdadeiro museu com mais de 10 mil edifícios históricos, como o Palácio Real.
A parte mais nova cheia de coisas nossas conhecidas como lojas de marcas europeias e americanas e cadeias de fastfood e, por isso, vale muito mais a pena visitar a cidade velha, aquilo que é o bilhete de identidade da vida do marroquinos e do povo bérbere. Dizem os habitantes que “se entrares em Fez sozinho és um homem morto mas se conseguires sair… considera-te renascido“. Senti bem isso. As ruas estreitas foram construídas há muito, com o objectivo de servirem de defesa contra os ataques inimigos. Povo sábio. São quilómetros de ruas pequenas, muitas da largura de uma pessoa, como esta, que se atravessam umas nas outras, onde nascem portas e, apesar de tudo, algumas casas têm o tamanho das nossas. A medina de Fez tem 1.200 anos.
A vida acontece, principalmente, nos telhados. Aqui tratam-se peles para transformação. Tivesse cheiro, e vocês não gostariam assim tanto deste vídeo, garanto.
Depois de tratadas, as peles são vendidas sob a forma de casacos, carteiras, as babouches, os sapatos marroquinos tão confortáveis.
A marroquinaria é outra parte importante da cultura e economia.
O trabalho em latão é dos mais interessantes de se ver. (Eu aposto que martelava os dedinhos todos!)
E depois… as peças que nos fazem perder, literalmente, a cabeça.
Em Fez visitámos também uma ervanária, a mais antiga da cidade. Chá de menta, para emagrecer, para menopausa, para colesterol, asma… comprámos de tudo. Este Sr. tão simpático quis também fazer uma demostração com óleos de arnica e argão, para o cabelo, e resolveu… usar-me. O meu cabelo farto e estruturado ficou… sedoso. Foi o momento em que pus todo o grupo a rir e em que acabaram as selfies.
Fez vale ainda pelo imenso, imenso capital ligado ao espiritual e ao conhecimento. Tem 185 mesquitas e a mais grandiosa é, sem dúvida, a de Quaraouiyine. Fundada por Fatima El Fihria, em 859, a mesquita Andaluza data de 860. Destaca-se pelo pórtico adornado com zellij e por esta grade em madeira esculpida. A zaouïa Mulei Edrici protege o túmulo de Mulei Edrici II, fundador de Fez. É considerada a primeira universidade do mundo. Não pudemos entrar, naturalmente, por que não somos muçulmanos. Mas a beleza deu para perceber cá deste lado.
Na loja de tecelagem tocámos em pashminas maravilhosas e aprendemos a atar turbantes e o lenço, da forma dos muçulmanos. Fácil, fácil. Um mundo de cor, que encanta até os adultos. Parece que todas as cores conjugam, que as combinações estão sempre perfeitas. Uma terapia.
Nas ruas… há de tudo! Fruta e vegetais e logo a seguir roupas e latões. E nunca se sabe quando surge um burro ou uma carroça… não há muito a fazer, além de desviar para não se ser atropelado!
Almoçámos num sítio que mais parecia saído das 1001 noites… Um encanto.
Não podia deixar de vos mostrar uma escola, que acolheu, em tempos, meninos do 1º ciclo. Aqui, estudavam, também, o Corão. Posso dizer-vos que estas divisões, onde dormiam, eram tão pequenas que as comparei ao espaço onde Mandela esteve durante tantos anos… aposto que não eram maiores. Era o que chegava. O objectivo aqui era o aprofundamento espiritual. Admiro esta faceta da personalidade deste povo. Muitos do que conheci valorizavam as escrituras, acima de tudo. A interpretação é outra coisa, que não interessa agora, mas o sentido maior, universal, merece a minha vénia.