… ainda se consegue ver a lua mas o trânsito quase que parou. Lembram do vídeo desta menina […]
HISTÓRIAS QUE GUARDO
#3 Mudou muito a minha rua quando a Covid-19 chegou
… ainda se consegue ver a lua mas o trânsito quase que parou.
Ali, naquele corrimão, vi dois homens à conversa. Um estava de máscara e luvas. Outro, sem qualquer cuidado, estava agarrado à estrutura. Eu estava na varanda e ouvi-os.
– Pois, isto agora é esta porcaria. Agora andamos todos assim.
– Tem de ser, é assim que precisamos de nos proteger!
– Proteger, proteger…. esta treta agora…!
– É por pensarem como tu que estamos como estamos. Olha, isso que estás a fazer (agarrar o corrimão sem luvas) é que vai espalhar o vírus. Muita gente pensa como tu e esse é que é o problema.
Pois é. Esse é que é o problema. Falta de cuidado, para consigo mas para com os outros. É tão difícil de perceber que está a resultar ficar em casa, evitar contacto social, distanciamento? Como diz uma prima com imensa graça, largueza. Muita largueza.
Não tenham medo, nós voltamos uns para os outros. Pode demorar mas voltamos. E quando voltarmos… vai parecer o primeiro dia do resto das nossas vidas.
36.
Foi mais ou menos assim… no sofá mas a sorrir.
Obrigada a todos.
#2 Mudou muito a minha rua desde que a Covid-19 chegou…
… ainda se consegue ver a lua mas o trânsito quase que parou.
Hoje saí. Finalmente, 14 dias depois saí. Com cuidados, sem tocar em nada, quase com medo de respirar. As compras básicas, um percurso mais lento (apenas) para sentir o ar na cara, entre as janelas do carro.
Onde foi que me perdi?
Qual foi o momento em que deixei de desfrutar da simples corrente de ar do carro? Provavelmente, no primeiro dia em que tive aulas, formação ou eventos, depois do trabalho. Aquele dia em que comecei a correr, em que não podia perder a compostura da imagem, o preceito do penteado ou a maquilhagem imaculada.
A saída valeu anos. Percebi que em 14 dias eu própria tinha envelhecido alguns.
Ao passar, vejo a esperança. Numa janela, a cor fixou-me o olhar. Fui mais perto só para registar. Para guardar aquilo que na minha rua, como em tantas ruas, nos faz erguer e nos salva todos os dias: o amor.
Vai ficar tudo bem.
Mudou muito a minha rua desde que a Covid-19 chegou…
… ainda se consegue ver a lua mas o trânsito quase que parou.
O silêncio é interrompido pela obras de um prédio que teima em querer nascer em tempos de cólera. A economia não pode parar. As janelas, em volta das minhas, antes fechadas, estão escancaradas. Todo o dia. Há barulho. Há pessoas. Há vida. Há roupa estendida que dança com o vento que nos vem lembrar que já é primavera.
Alguém fala, entre andares, no parapeito, que bateu à porta e ninguém atendeu.
– Dona Sara estive aí agora. Não abriu a porta porquê?
– Não ouvi, desculpe.
– Então abra lá que tenho aqui coisas para si e vou aí agora.
Em 6 anos que estou nesta casa e nunca tinha percebido que aquela senhora se chamava Sara e confesso que também nunca tinha visto ninguém a falar assim, à janela.
Do outro lado, um trabalhador acaba de pintar uma loja (ou que vai ser algo do género daqui a uns dias). Sozinho. De vez em quando olha em volta e os olhos dele encontram os meus, que estão na varanda de trás, a tratar de roupa. Não tem música, não canta; nisso, ganhei eu.
Duas pessoas retiram uma máquina de costura de uma das lojas, o trabalho em casa assim o obriga. É preciso deixar o óbvio e procurar o lógico.
Na minha rua há cães. Ou talvez haja donos que passeiam os cães mais que o habitual, para lá do aceitável.
Na minha rua há silêncio. Há ajuda. Há atenção. Há pessoas. Há amor. Há alegria. Há esperança. Há respeito. Há recato. Há uma vista fantástica. E estamos bem assim. Até ver (ainda) ninguém enlouqueceu.
2 anos. E a contar.
Há dois anos nascia este espaço.
Há dois anos estava rodeada de tantas pessoas. De todas as pessoas. Hoje resolvi comemorar sozinha. Numa manhã de outono, com dois jornais, uma revista, na minha esplanada de eleição. Num dos lugares com mais paz. Ever.
O chá de menta arrefece rápido, o vento do outono não deixa grandes duvidas: está tudo a mudar. A onda que andamos todos a surfar é alta mas aproveitamos: o sol na cara, o riso dos miúdos que caem e levantam, caem e levantam… as conversas dos outros tão boas de se ouvir sobre o Halloween e o dia de Todos os Santos, sobre a falta de crença que nos assola, sobre uma casa nova, sobre as arrumações. Sim, está no sangue, sou jornalista.
Neste dia de comemoração e agradecimento, neste domingo de outono, saí de casa sem lavar o cabelo, com uma calças brancas todas rasgadas e, pior, todas sujas. O casaco que comprei algures por 5 € dá-me o aconchego de que preciso mesmo, hoje. Devia ter a inscrição ‘Harvard’ em vez do real ‘badass girl’. Só para haver coerência. Quero lá saber… Nunca fiz uma compra tão boa.
Xiu!!! Não digam a ninguém.
Parabéns e obrigada pela companhia e partilha de todos os dias.
(Sim, sei que tenho estado mais ausente… em breve vão perceber porquê. Vai valer a pena!)
Anjinhos de Natal
Vejam o vídeo, ouçam o repto. Amanhã conto como podem partilhar o espírito de Natal com as famílias mais carenciadas!!!
Votem, por favor!
Este ano votei por antecipação. O meu recenseamento está registado em Abrantes e não tenho qualquer hipótese de ir lá, no domingo. Mais do que em qualquer outra altura, votar foi importante. Parecia uma criança. Eu levo isto muito a sério, por ser investigadora, por ser apaixonada pela ciência política mas, acima de tudo, por ser cidadã. Ninguém decide por mim. Fui votar para isso, para decidir. Espero que não se esqueçam que a decisão está na mão de cada um, na iniciativa de cada um, na cruz que cada um vai deixar no boletim de voto. Pessoalmente, acho que os votos em branco são um desperdício, que há (outras) formas mais eficazes de protesto e que a abstenção é uma sombra que nos devia envergonhar a todos. Mas isso sou eu.
Votem, é o que vos quero dizer.
Desporto para todos
Regressei das férias a todo o gás! No fim de semana partilho fotos mas hoje foi dia de desporto!
Mais uma Semana Europeia. Estamos juntos, de novo, para este programa tão nobre, tão importante, com tanto sentido. A manhã no Complexo Desportivo do Jamor já prometia mas foi tudo muito melhor. Houve dança, houve futebol com caras bem conhecidas, com ex-futebolistas, atletas olímpicos, pessoas da comunicação e da estrutura do Instituto Português do Desporto e Juventude.
São precisos 21 dias para criar um hábito e 90 para quebrar um padrão, um comportamento. Usem-nos para o bem, para o vosso bem! Desporto é saúde. Encontrem o vosso desporto, a escolha é vasta.
Não temos de ser todos atletas de alta competição, precisamos é de nos mexer, fazer alguma coisa, dar o exemplo. Eu tenho o exemplo do meu pai: sempre me lembro do futsal, das corridas mas, acima de tudo, da vontade de não estar parado. Ainda hoje corre, ainda hoje se mantém activo (também) por que é jovem mas é meu pai!
Tirem e guardem os melhores exemplos! Estamos juntos. #BEACTIVE
A Semana Euroepia do Desporto acontece entre 23 e 30 de Setembro e podem encontrar toda a programação aqui.
10 anos é muito tempo
10 anos é imenso tempo.
Lembro este dia como se fosse hoje. E os anteriores e os seguintes. Sem magoa, nem saudosismo. Nada disso. Eu era uma miúda, com 25 anos e três de televisão. Não sabia nada disto. (Hoje ainda tenho tantas dúvidas…) Apenas recordo como recordo as vezes que ia com os meus pais a Constância e passávamos o Rio Tejo, de barco. A água fresca do Rio ainda me toca nas mãos. Daquele dia lembro a água e sei como me tocou. A única coisa que me faz pensar nisso é saber que quem me escolheu naquele 4 de setembro, continuaria a escolher-me, se fosse hoje. Isso dá muita paz, tranquilidade e significa muito. A confiança é a base das relações humanas. Quem trabalha em televisão conhece o desgaste que o meio provoca. A corrosão é mais rápida. A base é tudo.
10 anos depois (menos uns pozinhos), quis o destino Que estivesse ali, no mesmo lugar.
O que tenho a dizer? Gosto do destino. Acredito que está traçado. Se é para chegar, chegamos. Com gratidão e foco no futuro. O caminho é em frente.
Sobre os 10 anos… caramba. Tenho de aproveitar mais a vida. Isto passa realmente muito rápido.
Mais do que devia.