… ainda se consegue ver a lua mas o trânsito quase que parou.
Hoje saí. Finalmente, 14 dias depois saí. Com cuidados, sem tocar em nada, quase com medo de respirar. As compras básicas, um percurso mais lento (apenas) para sentir o ar na cara, entre as janelas do carro.
Onde foi que me perdi?
Qual foi o momento em que deixei de desfrutar da simples corrente de ar do carro? Provavelmente, no primeiro dia em que tive aulas, formação ou eventos, depois do trabalho. Aquele dia em que comecei a correr, em que não podia perder a compostura da imagem, o preceito do penteado ou a maquilhagem imaculada.
A saída valeu anos. Percebi que em 14 dias eu própria tinha envelhecido alguns.
Ao passar, vejo a esperança. Numa janela, a cor fixou-me o olhar. Fui mais perto só para registar. Para guardar aquilo que na minha rua, como em tantas ruas, nos faz erguer e nos salva todos os dias: o amor.
Vai ficar tudo bem.