Em 2014 estava a trabalhar e não consegui votar nas Eleições Europeias. Sei que pensei na altura que não dava mesmo, que teria de fazer uma ginástica imensa. O meu estado de cansaço potenciado por algumas situações da minha vida, associadas a uma tese de mestrado que estava em plena redacção, fez o resto. Não fui votar, decidi que não ía e nem pensei mais nisso. Até ao dia, noite eleitoral em que estava na redacção, a acompanhar a emissão e que pensei ‘grande parva, como é possível não teres ido votar?’. Morro de vergonha até este dia.
Hoje, como das outras vezes, fiz 300 quilómetros para ir votar.
Hoje, como das outras vezes, o Presidente da República fez bastantes mais do que eu e que, seguramente, a maioria de nós.
A esta hora que vos escrevo, a taxa de participação está nos 23%. Só posso dizer que enquanto investigadora, isto me provoca grande tristeza. Mas deixa-me mais apreensiva ainda enquanto cidadã. Por tradição (como detesto tradições), os portugueses são afastados das Eleições Europeias. Desengane-se quem pensa que no centro das decisões há outras coisas que não a política e a economia. E que a Europa não se decide nada. É ali que se decide tudo e Portugal tem de lá estar. Sob pena de perder influência, sob pena de perder conhecimento, sob pena de se perder. Os resultados que vão chegando de toda a Europa não são mais animadores.
Votem. Apenas vos quero dizer que não dá justificações. Há vontade. E, ainda, um par de horas.
Como em tudo na vida ‘Quando há vontade, arranjamos uma forma de fazer; quando não há vontade, arranjamos uma desculpa’.
Sobre resultados falamos amanhã. Vamos ser todos culpados.