A morte não avisa. Quase nunca avisa. Por que haveria de avisar alguém com 43 anos? De sorriso fácil, de tão bem com a vida? Alguém que fazia o que amava, que transpirava paixão pela tecnologia, que ajudou tanto o país, as empresas, nestes últimos anos? Pai, marido?
Falámos na semana passada, por mensagem. O João Vasconcelos partilhou comigo uma publicação sobre trotinetes. Era outra das novas apostas. Se hoje tenho uma paixão cada vez maior por tecnologia é, também, por sua culpa. Partilhávamos horas de conversa sobre o admirável mundo novo pelo qual ele tanto lutava e que tanto me fascinava, também. Admiravamo-nos (mais eu, ele não tinha razões para isso) e nunca deixou de me ajudar sempre que tive alguma dúvida, alguma questão, sempre que o procurava. Lembro bem as suas palavras quando lancei este blog.
A última vez que o entrevistei foi sobre softskills e líderes do futuro, para um trabalho que a TVI ainda não transmitiu, que já não vai ver. Uma conversa de 15 minutos durou 2 horas, para variar. Foi dessa vez que também lhe contei sobre a minha tese de doutoramento. Ele não conhecia o tema mas, no fim, só me disse : “Tens de escrever isso, pah! Tens de escrever isso”.
Hoje já o recordámos muitas vezes, os 3 restantes nesta fotografia, grandes amigos que nos apresentaram. Este foi o dia em que nos conhecemos. Já nos rimos com as coisas boas ou os disparates, como daquela vez na WEB SUMMIT em que me apanhou a dividir copos de café para reciclar ou em que desanuviámos o assunto ‘bilhetes para jogos de futebol’.
O João já era um amigo. Muito do que aprendi sobre futuro, economia, indústria, transformação digital, tecnologia, 4º Revolução Industrial, aprendi com ele. Era generoso a partilhar, a ensinar, um incentivador e também o foi para mim, tantas vezes. Queria mais.
A mensagem de ano novo dizia que ‘iríamos estar mais vezes juntos, em 2019’. Não estivemos.
Ainda ninguém acredita muito nisto, João.