Marine Le Pen vem à Web Summit? Eu vou. Sim, vou.
Vou ouvir, vou perceber. Choca-vos? Lamento. Na verdade, acho que esta minha liberdade de escolha é tão ou mais igual à da organização em convidar os oradores. Choca-vos outra vez? Estamos mal.
É preciso recuar pouco para lembrar o cepticismo que, por vezes (tão poucas assim…?), toma conta da mente dos portugueses: em Novembro do ano passado a sociedade portuguesa viveu dias de profunda preocupação por que… dois robôts viriam participar na Web Summit. PIOR! Iriam manter uma conversação, conviver com humanos e mostrar que é possível evoluir, para o bem da Humanidade. O país andou 2 semanas a falar disto. O drama, o horror, a tragédia. Parece-me que tem tudo a ver. E parece-me, também, que a organização da Summit tem todo o direito e liberdade de convidar e organizar o que bem entender.
O que correu mal nesta história foi a integração do nome de Le Pen. E a retirada. E a integração, outra vez. Isso sim, demonstra (para fora) pouca certeza e vontade. No fundo, provavelmente, o convite já nem seria desejado e daí se ter ‘criado’ toda esta confusão. Entretanto, enquanto escrevo este texto, recebo uma alerta de que o convite vai ser retirado. Está resolvido. Na verdade, está mesmo.
Agora, é uma questão de dias até ouvir o Primeiro Ministro dizer uma frase a que recorre tantas vezes: “O assunto está encerrado”.
Tenho pena. É exactamente assim que não se faz e até aposto que o nome ‘Le Pen’ vai ser o mais procurado no Google, esta semana. É sempre saudável ouvir opiniões diferentes da nossa, ideias diferentes das que defendemos, mesmo que sejam radicalmente diferentes, ideologicamente opostas, profundamente condenáveis. Só com esse debate/choque/conflito, ou o que lhe queiram chamar, é que crescemos e evoluímos. Mesmo que não concordemos, não as podemos camuflar nem devemos.
Um bocadinho como este post.