O que é tomar uma decisão? Difícil ter uma resposta certa, universal, que seja óptima para todas as pessoas porque há sempre alguém a quem não serve tão bem. Tudo na vida é uma decisão: a que horas acordar, o que comer, a quem telefonar, com quem estar, que correio distribuir primeiro… qual a primeira notícia. Decidir tira-nos de um lugar e leva-nos para o outro. Sempre.
A definição é estreita mas podemos e devemos tentar:
“Tomar uma decisão é um processo cognitivo derivado da escolha entre várias opções, com as mais variadas consequências e que faz despoletar uma acção. A decisão representa, sob o ponto de vista ético, a melhor escolha, isto é, a que defende melhor os interesses envolvidos. Subjacente a cada decisão encontram-se razões de diferentes tipos, são estas que influenciam a escolha das acções. Decisão é já uma atitude de desencadear uma acção”.
A ajuda nesta explicação é da minha querida amiga Dra. Margarida Vieitez.
E ajuda mesmo a perceber o que está, afinal, em questão. Na Madeira, no passado dia 15 de junho falei de decisão, da importância que tem para nós, para quem nos rodeia, para quem está, até, mais afastado de nós. O que decidimos influencia a vida dos outros, inevitavelmente, e uma acção gera uma reacção e outra, e outra e por aí adiante. Não vou vou massacrar com explicações mas tenho de vos fazer pensar, penso que o consegui fazer, também, lá.
O que está na base das decisões? Razão ou emoção?
António Damásio, (re)conhecido médico neurologista português, autor de várias obras científicas, estudou pessoas que sofreram danos cerebrais, na zona reservada às emoções. Concluiu que não sentem e ao não sentirem, não são capazes de tomar decisões.
Os psicólogos e psiquiatras, quando chamados a avaliar as capacidades cognitivas e emocionais de alguém, podem escrever ou não “esta pessoa não está apta para tomar decisões“. É das opiniões mais validadas judicialmente.
Depois disto, encontrei um estudo publicado na revista de biologia computacional Plos, que incidiu sobre 3. 400 pessoas em França, com idades entre os 4 e os 91 anos. O objetivo do estudo era baralhar umas cartas e depois que os participantes as identificassem, aleatoriamente, em suporte informático. O computador concluiu que o ponto comum era a idade, que aos 25 se consegue enganar o algoritmo, que é nessa idade que se tem mais capacidade criativa para agir e encontrar soluções. Achei piada ao título da notícia sobre este estudo ‘É com 25 anos que se atinge o pico da tomada de decisões’. Ai… estes jornalistas!
Independentemente de todos os critérios, todas os pontos que encontrei tinham em comum uma coisa: inteligência emocional. O termo foi utilizado pela primeira por Wayne Payne em 1985, na tese de doutoramento mas já tinha tido origem em Leuner (1966), Greenspan (1989), depois também mencionado por Salovey e Mayer (1990). Eu gosto muito da definição de Daniel Goleman, jornalista e investigador norte-americano que sigo e com cujos pensamentos me identifico, diz que inteligência emocional é
“A nossa capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos”.
E há outra que nos faz pensar, um autor coreano, Byung-Chul Han, que descobri no ano passado e escreveu Psicopolítica que é quase uma bíblia para mim (e é um livro tão pequenino):
“A conjuntura da emoção está ligada ao processo económico”.
Faz pensar, não é? ‘Pensei’ o mesmo!
Dito isto… quem toma decisões… utiliza a razão ou a emoção?
A quem interessam essas decisões?
Implicam o dinheiro de alguém?
Implicam a vida de alguém?
Vão parecer bem a alguém?
Depende de nós?
Pensem… e tomem a vossa decisão.