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O glúten está para os cereais como o poder está para a política: é intrínseco, é subliminar, faz parte e não se deve dissociar. Mas pode.
Os alérgicos ao glúten deixam de comer pão, massas, e todos os alimentos compostos por farinha de trigo. Hoje já há substitutos que garantem o mesmo valor nutricional, o mesmo nível de hidratos de carbono e, mais importante, o mesmo sabor (o glúten é insípido). Mas, os não-intolerantes ou não-alérgicos não devem afastá-lo da alimentação: o glúten é uma proteína que garante elasticidade ao pão, que o torna mais fofo, mais… apetecível.
Assim é também o poder: é possível apreciá-lo, olhá-lo de longe, da montra, e perceber exactamente o que nos apetece. Até o conseguir, a pessoa saliva; depois de o ter, saboreia… um bocadinho e depois outro. O grande problema é quando o poder tem sabor, assim mais ou menos, como o pão de Mafra, quente, com manteiga derretida. Comemos. Comemos mais. E cada vez mais vontade de comer, mesmo que ao início digamos que ‘vamos comer só um bocadinho’. A gula é mais forte, passando rapidamente da fome à vontade de comer.
Sem glúten, o pão não cresce. Sem poder, a política também não.
Os entendidos dizem que os problemas de saúde relacionados com a ingestão de pão têm que ver com o tempo de levedura: que é rápido, acelerado demais, que não obedece ‘à forma do antigamente’ e que por causa disso que tantos mitos surgem.
Quando se substitui o pão por outra coisa qualquer, parece que o sabor acaba, mesmo que não seja nada disso. É o inconsciente que dá as ordens, que diz o que se quer, o que se deseja. Mas o poder, esse, não é substituível: ou se tem ou não se tem.
As referências ao pão já surgem na Bíblia, como o “o pão nosso de cada dia”. São antigas, assim como as referencias ao poder, Aristóteles escrevia que “Aquilo que temos poder de fazer, também temos poder de não fazer”.
Na política há tantas pessoas a quem o glúten faz bem, outras que deviam comer mais pão, outras ainda que deviam, simplesmente, desistir de todo o qualquer alimento com trigo. Há por aí ‘mais olhos que barriga’.