O amor pode ser muitas coisas: uma palavra bonita, um café rápido, um beijo… uma maçã descascada. Tantas coisas quantas aquelas que nos aqueçam a alma e mostrem que faz sentido, que vale a pena e que está tudo bem, ali. O amor pode ser uma telefonema de 2 horas ou uma mensagem curta; pode ser um link para um notícia parva ou um lembrete do género ‘já tomaste os medicamentos?’.
Nas leituras dos últimos tempos, relacionadas com política, encontrei este manifesto de amor que me comoveu. Está num dos livros de Stuart Mill, um dos maiores e mais influentes filósofos britânicos do século XIX, autor da teoria do Príncipio do Dano. Comoveu-me porque foi imprevisível, é uma dedicatória num livro técnico. Não sou conhecedora do génio de Stuart Mill, apenas da obra, e acho admirável que alguém se afirme assim: sensível, apaixonado, orgulhoso, grato, inusitado. Curiosamente, cruzei-me com um exemplo semelhante nos últimos tempos, bem real, de duas pessoas que se amam e compreendem, que se admiram e se apoiam, e não têm qualquer pudor em demonstrá-lo. Enternece, comove-nos também, acreditem.
Nunca esquecerei as palavras de Mário Soares aquando do desaparecimento de Maria Barroso: “Hoje, perdi a coragem”.
Gostava, um dia, que o dissessem de mim.