Sou muito defensora da criatividade, dos rasgos de novidade e da capacidade de inovar. Gosto de ser surpreendida, gosto mesmo e estou sempre a pedir HU-MA-NI-ZA-ÇÃO na comunicação, os meus alunos já sabem que é a’palavra mágica’. Por isso, quando me cruzo com qualquer coisa que me chama a atenção… não hesito e registo. Aqui a humanização é relativa e não quero acreditar que a inspiração vem do Pintrest.
Há dias em que ando mais cansada ou a memória do telefone também já acusa exaustão mas ontem estava tudo certinho… Eu, parada numa fila de trânsito, 17h45, acesso à CRIL e vejo este cartaz. A minha alma fica parva. Este cartaz é real, não é fake news nem montagem. Quero acreditar que a escolha do local para o colocar foi tão pouco inocente como a mensagem que carrega.
Vamos lá à semiótica desta mensagem. Tudo aqui é digno de registo, tudo o que está em torno do óbvio é motivo de análise: um partido que concorria às eleições autárquicas em Loures coligado com o CDS-PP, que deixou de o estar devido às declarações do seu cabeça de lista sobre os ciganos (o CDS-PP retirou o apoio, quem não se lembra disto?!), um candidato polémico que não pediu desculpa, não retirou as declarações e ainda acrescentou mais qualquer coisa, que insiste, neste cartaz, que diz A VERDADE (assim mesmo, em maiúsculas), que faz oposição na vereação de uma câmara liderada pelo PCP e Bernardino Soares.
Não sei que vos diga… acho que não dá muita vontade de fazer festinhas a este gatinho até porque se fica sempre na dúvida: Quem vê o gato? Quem vê o leão? Quem é um e quem é o outro? Cada um vê o que mais lhe convém, é típico do ser humano, na política também (é feita por pessoas) tentar procurar ‘a música para os seus ouvidos’. Nitidamente, isso está a acontecer com o PSD. Este cartaz pode ser utilizado unicamente em Loures? Parece-me que Rui Rio podia aproveitar criatividade toda e ensaiar o rugido, isto se quiser ser o rei da selva, pelos visto em Loures já começaram. Eu ainda dava umas boas gargalhadas, de manhã. Animação, por favor, é urgente e precisa-se na classe política portuguesa.