Aos 33 pratiquei, finalmente, o desapego! Não é fácil, especialmente quando se vive com a ideia (errada) de que precisamos de muito para viver: muito espaço, muitas coisas e muitas pessoas. E depois a outra parte: muita realização que só se consegue com uma agenda cheia de compromissos. Nada mais errado.
Precisamos só de quem nos faz bem. Neste ano que termina aprendi a libertar-me de pessoas tóxicas, mesmo que não percebesse que o eram. Nem sempre conseguimos ter discernimento para ver isso, daí que quem está de fora veja muito melhor que nós. Às vezes… é preciso recuar, respirar e olhar de novo e perceber que afinal… nada nos prende ali. Isto é válido para todas a gente: conhecidos, amigos, família. ‘Deixar ir’ foi das provas de sobrevivência mais exigentes da minha vida. Mas, a partir do momento em que acontece, acontece para sempre. Tenho um defeito, que me ajudou muito neste processo: quando o meu coração gela, não há qualquer outra hipótese. E eu sei, eu sinto. Até posso tentar, dar outra oportunidade mas… quando a desilusão se instala, meus amigos, já era. Antes, insistia mais, os 33 ajudaram-me a ‘poupar tempo’. A vida é o que é. Sim, tive umas situações (estupidamente) mais difíceis que outras mas não temo ter agido de forma errada. Estou muito tranquila com essas decisões. Afinal, somos nós que mostramos como gostamos de ser tratados. Certo?
As coisas… só coisas. Objectos que são só isso. Por vezes foi/é difícil consegui-los, admito, mas isso não nos pode deixar reféns para sempre. Se já cumpriu o propósito há outra pessoa que precisa mais do que nós. Seguramente, muito mais que nós. O dinheiro é papel, foi das maiores lições da minha vida. Faz-nos falta para viver com o mínimo conforto mas… é só papel. Dá-nos acesso a coisas extraordinárias… mas é só para isso que serve. Para quê querer ter muito se depois falta o tempo e, às vezes, a saúde para o gozar? Apliquem-no bem, ajudem pessoas, proporcionem-se experiências únicas, é isso que levamos desta vida, caramba.
Todos os dias me deito e levanto muito tranquila: não dependo de nada nem de ninguém. Nunca dependi. Esse é o meu maior orgulho. Posso perder hoje tudo o que tenho, que amanhã começo do zero. Não, do -1. E vou conseguir fazer tudo outra vez. Como disse numa entrevista no final de 2017, ‘se deixar de ser jornalista posso ser outra coisas qualquer’ e posso! Ah, posso mesmo!
Aprendi a receber o que Universo me quiser oferecer, estou nessa situação de braços bem abertos, acreditem. Sei que nem sempre é bom (…) e por isso também já aprendi a agir de forma a que isso não me desgaste, não me seque por dentro, não me deixe exausta. Esse é o meu superpoder! A vida é o que é e há coisas que não controlamos. É só isso. Sou uma pessoa muito bem resolvida, sem cobranças para fazer nem contas para acertar e também não deixo que mo façam a mim. Somos todos pessoas, cheios de virtudes e defeitos. Vamos é viver!
Cada vez acredito mais nesta hashtag #pessoasqueprecisamdepessoas