Porto Santo foi avistado há 6 séculos. Chamaram-lhe Porto Seguro por ter sido encontrado depois de uma tempestade. Dizem que Cristóvão Colombo se perdeu por lá… eu também mas cheguei algum tempo depois.
Há um tempo para tudo, diz uma passagem da Bíblia e é bem verdade. Há um tempo para tudo… como houve um tempo para eu conhecer esta ilha. Acredito que nada acontece por acaso: as pessoas que conhecemos, as decisões que tomamos, os locais que visitamos. Porto Santo escolhe-nos, envolve-nos. Podem não acreditar mas nesta ilha eu não tenho crises de asma, não tenho insónias, não tenho frio.
No verão estive ali na altura dos ventos fortes que atingem o Funchal, várias vezes por ano. Durante esse tempo, nada chegava a Porto Santo: nem comida, nem jornais, nem medicamentos, só pessoas e vindas do continente. Como nos meses de inverno em que o Lobo Marinho pára para revisão e deixa de fazer as viagens e carregar mantimentos. Os habitantes comem apenas o que a ilha dá, o que a terra produz. Eu senti isso este ano: voltei ao passado, quando também não havia assim tanta fartura de coisas. Ficamos limitados e… soubemos viver. Não é que afinal… é preciso muito pouco para existir? Admiro muito as pessoas que sabem viver com muito e com pouco, eu fui habituada assim também, mas os tempos são outros. O ‘muito’ e ‘pouco’ são completamente diferentes. Naqueles dias voltamos aos mínimos e recordamos porque é que aquela terra é tão especial: porque ali não é preciso nada para ser feliz. Ali há tudo o que faz falta, nas quantidades necessárias. Até as pessoas são as necessárias… cerca de 4 mil.
Há tantas coisas para vos mostrar de Porto Santo que hoje deixo só as fotografias de um amanhecer único e mágico. O sol nasceu para mim. Espero que consigam ouvir o mar… e ficar em paz.